A simpatectomia torácica é o procedimento de escolha no tratamento da hiperidrose, seja de localização palmar, axilar, crânio facial ou na associação das mesmas. Muito mais raramente a simpatectomia pode também ser indicada em alguns problemas vasculares (distrofia simpática reflexa, doença vascular periférica, doença de Raynaud, arterites em doenças reumáticas como esclerodermia, lupus e causalgia). Pode também ter indicação em algumas arritmias cardíacas graves.
Simpatectomia no tratamento da hiperidrose primária.
Na simpatectomia pela hiperidrose tratamos na maioria dos casos pessoas totalmente saudáveis. Os pacientes que procuram o tratamento são de ambos os sexos, e a faixa etária é bastante ampla. Predominam pacientes adultos jovens, mas não há limites de idade – as vezes crianças ou pessoas maduras necessitam operação. Importante é o incômodo, a insatisfação, o constrangimento do paciente, seja na época que for. Inúmeras vezes as dificuldades que existem no paciente com hiperidrose interferem na qualidade de vida do paciente. Pode prejudicar a vida pessoal e íntima, o contacto físico, atividade profissional, desempenho escolar, escolha de determinadas roupas, vida social, passatempos, esportes. Vários sintomas podem prejudicar situações cotidianas, triviais. Atividades simples do dia-a-dia podem ser constrangedoras, limitantes. Alguns pacientes podem não conseguir executar adequadamente sua rotina pessoal, profissional, escolar. Muitos pacientes portadores de hiperidrose primária severa já tentaram inúmeros tipos de tratamento conservador, prescritos por vários clínicos, dermatologistas e até psiquiatras.
Não existe um exame laboratorial ou exame de imagem que ajude no diagnóstico de hiperidrose. Mesmo a medida da quantidade de suor não dá subsídios à indicação cirúrgica – utilizamos apenas em pesquisa clínica. Assim, a indicação da cirurgia é feita em função do quadro clínico, principalmente avaliando o quanto a hiperidrose está incomodando e comprometendo o paciente em suas atividades – seja no trabalho, no estudo, na vida social, no convívio pessoal, familiar. Só quem tem hiperidrose sabe o quanto isso incomoda, o quanto pode ser constrangedor, o quanto está afetando sua vida e comprometendo sua produtividade. Tal avaliação ajuda o médico na escolha dos melhores candidatos a obter bons resultados com a cirurgia.
Existem algumas modificações técnicas na operação que são tentativas de tornar a simpatectomia “potencialmente” reversível. Não há, contudo, resultados consistentes quanto a tal efeito resultado. Assim consideramos que a indicação cirúrgica deve ser feita considerando simpatectomia um procedimento com pequena chance de reversão. Não recomendamos a indicação cirurgica propondo reversão em caso de arrependimento.
A maior parte dos pacientes com hiperidrose que procuram o tratamento cirúrgico são pessoas saudáveis, sem qualquer outro problema de saúde. Existem poucas situações que podem interferir na indicação da cirurgia: pacientes que tiveram doença pulmonar ou na pleura que deixaram sequelas podem complicar a operação (tuberculose, empiema pleural); tais pacientes necessitam avaliação mais detalhada antes da indicação da operação. Pacientes que já foram operados. Pacientes portadores de algumas variações anatômicas no tórax. Assim, pacientes portadores de doença pulmonar, cardiopatia ou outras doenças sistêmicas devem ser avaliados caso-a-caso.
O procedimento cirúrgico não deve ser realizado em pacientes portadores de hiperidrose secundária. Nesses casos o tratamento é dirigido à doença que está causando a hiperidrose.
Não indicamos o procedimento cirúrgico em pacientes que não estão convictos de sua eficácia; nunca em casos leves e que pouco incomodam o portador. A sensação de desconforto também deve ser sentida e relatada pelo próprio paciente, e não imposta por familiares. Também não indicamos a cirurgia em pacientes que gostariam de serem tratados com toxina botulínica e não o fazem por limitação econômica – tais pacientes frequentemente podem resultar insatisfeitos ou arrependidos.
Em pacientes cuja queixa isolada ou predominante é plantar não há indicação da simpatectomia torácica, apesar de observarmos melhora em número apreciável de casos.